Ano: 2007 Diretor: Hiroyuki Tanaka Estúdio: Madhouse País: Japão Episódios: 26 Duração: 23 min Gênero: Fantasia / Drama / Aventura
Claymore é a adaptação serializada que mais me impressionou no quesito aspecto técnico até hoje.
O anime é lindo, a animação é soberba. Basicamente é como se você assistisse a um Wonderful Days, Kenshin OVA ou Mononoke Hime em 26 episódios.
Diferente, entretanto, de outros seriados notáveis no aspecto técnico, como Soul Taker, Claymore tem mais, muito mais a oferecer.
O aspecto técnico está aqui a serviço do roteiro, não o contrário.Bom, findada a questão técnica e você sabendo que o deslumbre áudio/visual e a introspecção que isso provoca estão garantidas, saiba que Claymore é baseado em um mangá de Norihiro Yagi (o qual, a título de curiosidade, gosta da banda de heavy metal brasileira Angra), veterano que contava com uma excelente obra humorística, já com quase dez anos de publicação: Angel Densetsu. Publicado desde 2001, a arte do mangá, por mais absurdo que pareça, consegue ser em dados momentos mais impactante que a do anime (e acredite, isso é impressionante). Além disso, Claymore guarda semelhanças extensas com outra obra muito querida do público fã de mangás de fantasia, Berserk.Que semelhanças são essas?
O design dos monstros e sua opulência, o fato de a personagem principal perder um braço e o substituir com uma ”arma“, o clima opressivo, o tipo de companheirismo entre a protagonista e seu ”bando“. Mas, espera aí, isso não seria plágio? Não, são homenagens. A história de Claymore é boa e forte o bastante para se sustentar por si só, sem sombra alguma de dúvida.
Claymores são mulheres que receberam em seu corpo entranhas/sangue de yomas, demônios que assolam e devoram a população desde tempos imemoriais (o nome é dado pelos populares, já que elas carregam gigantescas espadas do tipo claymore). São as únicas capazes de distinguir um yoma disfarçado de humano de um homem comum, devido à habilidade que possuem de sentir o youki, energia maligna que emana de um yoma, e usar seu próprio youki para ganhar força e agilidade sobre-humana. Dentro da sua organização, são treinadas desde novas para o desapego, e obedecem sem questionar muito. As garotas são escolhidas ou acolhidas por essa organização entre órfãos e outras vítimas de situações variadas. A vida de uma Claymore é uma luta constante para não despertar, já que sendo metade yoma, caso usem o poder em demasia, podem acabar se transformando completamente. Quando elas pressentem que tal fato está próximo de ocorrer, enviam uma ”carta negra“ para outra companheira, para que essa dê cabo de sua vida. Devido a essa razão, a carreira de uma Claymore sempre é curta, durando poucos anos, se não tombar antes em batalha.
A série revolve em torno de Clare, uma Claymore que chega em uma cidade e é hostilizada (todas as Claymores são objeto de temor do povo, já que além de serem meio yomas, cobram quantias altíssimas para livrar a população dos predadores, valores transferidos para os cofres da organização). Uma vez lá, conhece o jovem Raki, que perdeu seus pais para o yoma que atacou a cidade. O garoto ganha a simpatia de Clare, uma vez que não demonstra temor em relação a ela. Após a morte do alvo, Raki é expulso da cidade e Clare termina acolhendo-o. Os dois saem então numa jornada, ação aparentemente ilógica da parte dela (sair carregando por aí um humano normal, incapaz de se defender de um yoma, sendo ela uma Claymore).Revelar mais que isso estragaria o prazer de descobrir o que vem depois. Muitos mistérios são adicionados no decorrer da série, mas perguntas como "porque apenas Claymores femininas" e "o que é essa ”organização“ e quais suas intenções" serão feitas quase de imediato e, dada à qualidade da pena do autor, sinalizam respostas surpreendentes.
Seus poderes Yoma são a fonte de suas habilidades, mas quando usados sem moderação eles tomam conta de sua consciência, transformando a Claymore em um Awakened Being, ser com poderes muito superiores, e alterando totalmente a personalidade dela, sendo caçadas pela organização depois da transformação inclusive. Quando usam seus poderes, seus olhos ficam dourados, mas à medida que aumentam a quantidade de poder liberada, outras modificações ocorrem em seus corpos.
A organização dá um número para cada Claymore, o que serve como um ranking: a Claymore nº 1 é a mais forte, etc. Clare (o que vou dizer a seguir dá um belo momento surpresa no animê, então não leia se for alérgico), nos primeiros episódios, impressiona pela força e agilidade, mas um pouco mais tarde nos é revelado que ela é a número 47, o mais baixo da organização. E acreditem, isso é chocante demais, você fica “hah, não pode ser, a Clare, a mais fraca? Pff”, mas aos poucos se acostuma com a idéia.
A aparição de novas Claymores na história é parte fundamental de seu desenvolvimento, já que nem todas se mostram amigáveis, e cada uma tem uma personalidade forte e bem definida, sem falar nas diferentes habilidades. O passado de Clare é um dos mais tristes que já vi em uma mangá/animê, e entendê-la depois que ele é mostrado fica muito mais fácil. A história, aliás, é cheia de revelações, mas não vou ficar estragando a experiência de vocês aqui, né?
Uma coisa que não falei e que é importante saber: Claymore é muito violento. Muito. Não tem tanto sangue quanto um Hellsing da vida, mas o número de decepações é impressionante, e as tranformações dos inimigos ou das próprias Claymores sempre tem um quê de bizarro. A sensação que impera, principalmente no animê, é a de desespero contínuo. Situações em que simplesmente não há chances de vitória são comuns, mas o pior é que mais comuns ainda são as em que não há a menor chance de sobrevivência. Claro que depois de um tempo você se acostuma “ah, tá, mas não vai acontecer nada grave mesmo”, mas nessas horas Yagi se certifica de quebrar novamente essa calma, mostrando que sim, coisas ruins vão acontecer.
O roteiro cresce exponencialmente. Personagens com carisma colossal são adicionados, e já a partir do oitavo episódio fica impossível abandonar a série. A dramaticidade das situações é opressiva, e a direção é impecável (a série é bastante fiel ao mangá, mas melhora e apara arestas deste, tornando a experiência ainda mais recompensadora). Episódios como o 12, 19 e 22 são tão intensos que ficam marcados a fogo na mente.Então, Claymore é perfeito? Quase. Confesso que acreditava, tendo visto até o episódio 23, que esta seria digna de um 100% com louvores. Mas uma semelhança que ela divide com Berserk e a maneira como os produtores do anime resolveram encarar isso eliminou essa possibilidade. Claymore é um mangá ainda em publicação. E assim como na obra de Kentaro Miura, o que se vê no anime é apenas a ponta do iceberg (e que iceberg!).Diferente de Berserk, no entanto, a equipe de Claymore resolveu criar um final alternativo. Arriscando meu pescoço aqui, digo que preferia um final na linha da série de Berserk também, ou seja, um ”não final“. Para nós em terras tupiniquins, na época em que Berserk foi lançado, o acesso a scans do mangá era bem mais difícil, hoje já não causa tanto desespero um final dessa natureza, você pode facilmente continuar acompanhando a história pelo mangá (não que se essa situação desfavorável perdurasse, minha opinião fosse mudar). Um final aberto evitaria o desvirtuamento de uma das personagens ou soluções forçadas apenas para fechar o anime. Até o episódio 22, entretanto, é 100% com toda certeza.
Um anime ímpar, raro, que todo fã de fantasia estava esperando para ver há um bom tempo, com personagens construídos em várias camadas, absolutamente coerentes e apaixonantes, de dramas tocantes e conflitos tensos que afetam o espectador de maneira inesperada. Tardaram para nos oferecer algo assim, mas definitivamente não falharam.
Nomes Alternativos: Getbackers -Dakkanya- Ano: 2003 Diretor: Kazuhiro Furuhashi / Keitaro Motonaga Estúdio: Studio DEEN País: Japão Episódios: 49 Duração: 26 min Gênero: Aventura / Comédia / Shounen
Parecia promissor no início. A sensação que se tinha era de que se seria um anime de ação daqueles que marcam. Mas animes são assim: nunca se pode julgar apenas pelos cinco episódios iniciais.
E é justamente desse mal que sofre GetBackers: quando termina, muito do que ele tinha nos episódios iniciais e que, aparentemente, faria dele um anime acima da média, se perdeu...
GetBackers é um anime de 49 episódios produzido pelo Estúdio Deen, adaptado de um mangá de mesmo nome que ainda é publicado no Japão. Tal fato é justamente um dos piores problemas de GetBackers. Como o mangá ainda é publicado no Japão, GetBackers termina com uma infinidade de pontas deixadas na história e, ainda, recorre a um final simples e bobo.
A história é sobre dois amigos, Ban Midou e Ginji Amano, que operam um negócio chamado GetBackers. A função do grupo é recuperar algo que foi dado como perdido, com 100% de sucesso.
Tanto Ban quanto Ginji, possuem poderes para realizarem essas missões de resgate.
Ban possui o poderoso JaGan, "Olho Maligno", que causa alucinações a todos que olham diretamente nele, e Ginji possui poderes relacionados à eletricidade, já que, antigamente, ele era chamado de Imperador do Trovão.
E assim segue a história de GB: o par recebe a missão de recuperar algo e vão cumprir (ou pelo menos tentar) a tarefa recebida. E nisso, GB caí na previsilbilidade... o seu maior defeito... problema que vai se repetindo diversas e diversas vezes até seu final. Coisas como quem lutará com quem, quem vencerá, quem se unirá ao time, quando o JaGan será usado, são facilmente descobertas a cada episódio.
Isso se une ainda ao fato de GetBackers, mesmo sendo um anime de shonen, possuir pouquissímas lutas grandes e empolgantes. As lutas realmente estão dispersas por toda a totalidade do anime, mas todas são rápidas e sem grandes surpresas. Afinal, Ginji é o Imperador do Trovão e Ban é o operador do JaGan, então, não há o que temer, certo?
Uma pena, já que GetBackers tem muitas coisas boas. Para inicio de conversa, seus personagens são, na maioria, carismáticos ao extremo e apresentam uma interessante, mas previsivel, profundidade e mistérios. A amizade de Ban e Ginji é apresentada de forma natural. Fica-se bem claro a sintonia entre os dois e o quanto um gosta do outro.
Seus caráteres se completam, e isso ajuda bastante a passar a relação de grande amizade. Ginji é, de cara, um dos personagens que mais cativa, uma permanente mistura de inocência e perigo. Já Ban é aquele mais calado e que pensa mais friamente.
Outro destaque é Dr. Jackal, o "vilão amigo" dos protagonistas. Apesar de ser um pouco estereotipado, agrada e convence em suas atitudes contraditórias.
Todos os personagens de GetBackers apresentam um certo charme, afinal. A dose de humor do anime é outro achado.
Ela está tanto nos momentos de mudança do estilo de desenho sério pra um estilo mais "chibi" dos protagonistas (o Ginji chibi é hilário!!!) e até mesmo em episódios propostos como unicamente de comédia, como aquele em que Ginji sofre um acidente e vai pro hospital. ^^ A parte sonora também agrada bastante, com boas melodias, músicas legais e uma dublagem com vozes excelentes.
Nesses aspectos, GB realmente se destaca.Falando assim, parece que GB é, no final, um anime acima da média, apesar da minha introdução que diz o contrário. Então vamos explicar o motivo de tamanha decepção com GB. Como foi dito, além de previsivel, sua história não possui grandes atrativos que prendem a quem assiste. O que realmente prende não tem solução no final do anime.
Os outros mistérios que envolvem as missões ou a vida dos personagens são fácil e rapidamente descobertos por qualquer um. Sem contar aquela decepcionante última saga que tinha tudo pra ser tensa e cheia de ação mas acaba rápido e sem respostas.
Fica aquela sensação de "só isso?" e uma vontade de descobrir o que realmente existe por trás do MugenJou, ou quem são seus Deuses, por exemplo. Sem contar que grandes fatos da vida de Ban Midou, Himiko, Ginji e Shido continuam sem respostas, além da ausência de uma boa luta com o simpático Dr. Jackal.
Por último, anime shonen de longa duração, com um bom número de lutas mas um inexistente número de mortes cheira a mais do mesmo...
Sabendo que existe um mangá que continua com a história de onde parou, ainda tenho esperanças que ele transforme GB no que ele parecia merecer no seu inicio: um anime/mangá promissor.
Com humor, carisma e simpatia acima da média, GetBackers acaba falhando num ponto essencial para animes shonens: história e ação. Não que elas sejam ruins. Apenas não são exemplos para nada. Mesmo assim, dêem um conferida. Suas qualidades fazem por merecer.